Sobre nunca ter tido medo da chuva

Engraçado, Raul disse que perdeu o medo da chuva, e se eu te disser que nunca tive.
A chuva sempre teve um significado belo, sempre foi esperada da maneira mais singela possível, ver o céu nublado é sinônimo de euforia, pois é sinal de que ele vai chorar, e eu, sorrir.
Como disse Projota, a chuva é uma junção de não querer com precisar, ela pode até impedir-nos de realizar determinados feitos, mas eu quero, quero que venha e molhe, que faça brotar, que traga
vida, que faça transbordar o que for necessário, que continue trazendo felicidade para milhões de pessoas que dela necessitam, que venha em abundância, todos os dias.
Ela representa o novo, o vindouro, o renascimento, o que era pálido torna-se verde, o que era sem vida, passa a ser intenso, o que antes era sem expressão, depois dela passa a ter um brilho vigoroso.
Mas que também não tire o brilho do sol, pois ele ilumina os dias, aquece os corações, e é dono de um céu azul, limpo e irresistível.
Então, Raul, não entendo o porquê do seu medo da chuva, não machuca, não dói, não desgasta, no início pode ser difícil, complicado, inclusive gerar estranheza, mas são indescritíveis suas capacidades, e como disse, pois a chuva voltando pra terra traz coisas do ar, há coisas que precisam voltar, é bom que retornem ao chão, existem tantos elementos pairando por aí, voando sem rumo, que realmente, nada mau se viessem para a terra firme, que retornassem para seu estado, para ocupar-se por aqui, e apenas ela os pode trazer.
Portanto, foi bom que tenha perdido seu medo da chuva, afinal, as pedras que choram sozinhas no mesmo lugar continuarão dessa maneira, e apenas a chuva poderá mudar essa situação, aparentemente imutável.