Sobre o nascimento

Um ato sublime, uma passagem, uma permissão, é ainda estar despido de tudo, de qualquer preconceito, de qualquer valor, estereótipo, arquétipo, é estar virgem, no mais puro sentido da palavra, meio que ainda vazio, digamos.
Como li uma vez, não nascemos prontos e vamos nos desgastando, pelo contrário, chegamos ao mundo um papel em branco, sem nada escrito, nem mesmo uma palavra, então, a partir daí vamos nos formando, nos moldando, definindo, e é tão belo que todo dia é uma nova construção, cada nova vivência é ímpar em nossa modelagem, tudo contribui, bem ou mal, para nos ajudar a crescer ou até mesmo nos mostrar que nem tudo será fácil.
Nada pode tirar a pureza de um recém-nascido, a expectativa de tudo que ele pode vir a ser, a esperança de que ele venha para fazer a diferença, e isso também não deixa de ser responsabilidade nossa.
A primeira palavra, o primeiro passo, o primeiro choro, tudo é extremamente significativo, passamos a ver grandes feitos em pequenas ações, é até uma maneira de tornarmo-nos mais humildes, percebermos que o simples é importante, que tem seu valor, apesar da pequenez do fato enquanto fato, é gigantesco no tocante ao momento, ao que aquilo representa, é singelo, mas acima de tudo, marcante e digno de privilégio.
É lindo ver como representam o futuro, o que está por vir, pois tudo é incerto, até mesmo o que tudo pode tornar-se, mas nos deixam a lição de que ele virá, o tempo continuará passando, o ciclo se repetirá e todos os dias a reinvenção acontecerá, e o novo sempre nos dará a ideia de que tudo poderá mudar, tudo poderá ser diferente, novamente.
E é isso, aos recém-nascidos tudo está reservado, as vivências, as experiências, a capacidade de ser menos do mesmo, pois ainda estão em formação, e sinceramente espero que alcancem um mundo melhor, assim como o façam, dentro da sua capacidade de o fazer, de serem novos, de ainda estarem abertos a ideias, concepções, e sobretudo, de continuarem mudando e redefinindo-se, a cada novo momento e a cada novo dia.