Como morremos aos poucos
Morremos gradativamente.
Sim, todos os dias perdemos um pouco, ou deixamos de ganhar, por tantas coisas que deixamos para trás ou por simplesmente negligenciar.
Falecemos por fazer o proibido, por continuarmos fazendo o que nos tirará tempo mais adiante, abdicamos do futuro pelo agora, para vivenciar o presente.
Ceifamos nossa existência por deixarmos de fazer o que queremos, por preocupar-nos demasiadamente com o que falarão, por colocar o julgo alheio antes do nosso.
Chegamos mais perto do fim porque é difícil abdicarmos do que é "bom", do que nos faz bem, e viramos escravos disso, do desejo, do uso, da presença.
Vamos rumo ao final porque é complicado esquecermos o restante, é dispendioso não se importar com as consequências, com o que será pensado sobre.
E assim chegamos a morrer aos poucos, consumidos pelos desejos, pelos amores, pelos vícios, e pelos vínculos aos julgamentos, aos receios, aos medos. Principalmente pelos e se's, que nos impediram de ir além do que queríamos e nos tirarão o futuro que desejamos, e é dessa maneira que vamos nos desfazendo parcialmente, dia após dia.