Mundo irreal
Um mundo melhor, ou não, um local próprio, inventivo, cheio ou não do meu eu, meu lugar, onde eu posso imaginar tudo, viver-me, ser eu.
É um estado, um momento, uma ascensão, um período de êxtase, ou de melancolia, nem todos o alcançam da mesma maneira, umas preferem permanecer no topo, outras, no fundo, e eis o problema.
Há diversas maneiras de alcançá-lo, umas boas, outras ruins, preferíveis as boas, mas elas também podem ser perigosas, assim como as más, que fazem você ficar sem forças, perdido.
A questão é que corremos o risco de querer habitar por tempo indeterminado o mundo irreal, ou por tempo demais, chegando a esquecer o real, o de verdade, onde tudo acontece, ou pelo menos deve acontecer, caso você esteja realmente o vivendo.
Algumas pessoas perdem-se no imaginário, não conseguem voltar devidamente ao concreto, e por lá ficam, presas dentro do labirinto que é o êxtase, inebriante, até perderem a vida real e estarem reféns dessa situação, até entenderem que precisam livrar-se dela, que necessitam voltar à normalidade e fazer dela o padrão, que o irreal precisa ser vivido com entendimento, é apenas uma fuga, um lapso, um estalo.
E assim vamos vendo o irreal ser vivido, umas precisando de um conselho, outras, de tratamento, no fundo, o que era para ser benéfico virou problema, o que era para ser um momento, virou uma vida, o que era para ser irreal, tornou-se verdadeiro, e o de verdade foi esquecido, deixado de lado, deixando-nos a dúvida do que vale a pena, se o fantástico é uma possibilidade, se ele é realmente um caminho.
Bem, não sei, só sei que vou tentando viver o fictício de forma moderada, de forma a não me perder pela estrada, afinal, pode ser que eu não consiga voltar, e porque não retornar é um grande problema, e não, lá não quero ficar.