Como temos vivido
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Andando vamos, apressados, surdos, mudos telepáticos.
Indiferente seguimos, indo, cruzando as ruas, traçando os passos, seguindo nossas metas.
Sem olhar para o lado, sem desviar o foco, ignorando tudo ao redor, indo veloz, fingindo não haver mais nada, somente nós.
Continuamos avançando, perseguindo algo, que nunca sai do lugar, sôfregos, indo até lá.
Vislumbrando algo que ainda não é nosso, ávidos, ainda apressados, receando tardar.
Velocidade, turbilhão, intensidade, assim vamos vivendo nossos dias corridos, correndo, sem olhar para trás ou o lado apreciar.
Sempre muito focados, sem tempo para descanso, vamos perdendo muito, pois ainda há bastante para vislumbrar.
Quando focamos bastante perdemos a visão do entorno, o que era uma panorâmica vira uma 3x4, se fizermos o contrário, nós podemos perder a meta, mas deixamos de ver de soslaio.
E é isso o que há de mais belo, perceber o mundo em sua completude, desviar o foco, olhar para o lado, talvez não ter tantas ambições.
Saber que precisamos viver em 360 graus, que limitações são importantes, mas nos privam do todo, tiram de nós as experiências mais importantes, aquelas que também nos formam, que também são parte do processo, que apesar de secundárias, são essenciais.
Por isso eu ando olhando para os lados, até mesmo para trás, desvio do objetivo, até paro para conversar, sei bem que o que importa não é a chegada, mas o caminho, não tenho pressa para chegar, tenho urgência em viver. Por isso vou devagar, desfrutando de cada passo, sabendo que vou chegar, na batida do meu compasso.
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