O amor completa ou transborda?
Que o amor é uma coisa bela nós sabemos, não é preciso muita pesquisa para termos ciência do bem que ele traz, de quantas maneiras diferentes ele consegue nos fazer distintos, mesmo permanecendo sempre com a mesma pessoa.
Conhecemos bem seus efeitos, sua profundidade, ou pelo menos achamos que sim, que já sentimos o suficiente, que já chegamos ao topo, que o amor é aquela definição fechada e imutável de um sentimento imensamente imensurável.
Mas afinal, o que o amor faz, ele nos faz completos ou só será amor quando ele nos fizer transbordar?
Fico realmente questionando-me sobre isso, se ele nos completa é porque primeiramente não éramos inteiros, e não ser total é um problema, pois indica que algo está faltando, e seria essa peça uma cara metade? Gostaria de acreditar que não, gostaria de não precisar responsabilizar tanto outra pessoa por algo, pois isso é esperar, seria criar expectativas demasiadas sobre o outro, é como voar com uma asa só esperando ser apanhado no ar pelo outro, e se ele for já for inteiro, e se ele não quiser completar-se?
Mas transbordar também é outro contratempo, pois requer plenitude, necessita já estar cheio, ou pelo menos quase lá, o transbordo talvez seja já para os cheios de si, e sem entendimentos errôneos, não digo de ego, de orgulho, mas sim de conhecimento, principalmente o auto, para os que primeiramente procuraram aprofundar-se em si, mergulhar em seu próprio (a)mar, para depois ir em busca do novo, de algo inédito, talvez apenas querendo mais, já que de certa forma tenham esgotado-se e somente procuram algo para ir além das bordas.
Porém amar pede cautela e humildade, é saber que nem sempre somos completos, ou pelo menos estamos, é entender o outro como uma ferramenta edificante, desmistificar o amor, quebrar regras, esquecer definições.
No fim, acho que as duas definições estão corretas, são momentos, são fases, talvez procuremos um amor por perceber que seríamos melhores estando ao lado da companhia correta, isso é completude, é quando as ideias chocam, as palavras se entrelaçam, as peças parecem encaixar-se, é aquele momento que encontro no outro o que tanto gosto, ou até a dúvida, e transformar dois em um parece ser a resposta, Depois, quando tudo alcança um nível superior, quando os dois já não cabem em um, eles transbordam, extravasam, porque são bem maiores que aquilo tudo, pois o amor não reconhece limites, por isso ele sempre vai além da borda, quando é de verdade.
Assim, quem sabe completar-se seja ideal para iniciar a caminhada, e transbordar seja imprescindível para continuar indo, para chegar ao fim, mas que fim, se já transbordou...