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Confiar é importante



Ela não confiava em ninguém, estava sempre com um pé atrás, nunca foi de muitos amigos, quase nenhum, aliás, jamais conseguira depositar no outro suas certezas, muito menos suas esperanças, suas dúvidas.


E isso a fazia ser menos, ser singular, nunca se deixou ser extensão, ser ponte, preferia ser muro, parede, difícil, intransponível.


Assim ela foi vivendo isoladamente, sem se permitir ser tocada, sensibilizada. Sempre desconfiada com a agir alheio, para ela era difícil ver singeleza, uma disposição verdadeira, uma vontade autêntica.


Por isso tinha dificuldades de fazer tantas coisas, afinal, nem tudo pode ser feito sem ajuda, de vez em quando precisava dar a mão ao outro, mas se recusava, porque não confiava, então estagnava.


Infelizmente viveu menos, pois preferiu não crer, achou melhor fazer tudo sozinha, se trancar em sua cozinha, refugiar-se em seus pratos, tão elaborados, que mascaravam sua solidão, mostrando não ter com quem ao menos dividir um café com pão.


Afinal, viver é confiar, é nem sempre estar preparado, é entender que às vezes é necessário acreditar no outro, se entregar.


E ela não fez isso, achou melhor seguir desacompanhada, sem a mínima intromissão, pois achava que quanto mais independente melhor, doce ilusão.


Meu bem, viver é dividir, nem que seja confiança, em alguns momentos estaremos impossibilitados e é no outro que precisaremos repousar. É uma via de mão dupla, se recusa-se a crer no outro, de alguma maneira isso vai retornar, não é destino, é realidade.


Uma coisa é certa, confiar é importante!


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