Quando não é recíproco
Você vê aquela pessoa que de súbito desperta seu interesse, até dá match, parece que tudo já deu certo.
O oi enérgico vem seguido de um fraco, o como está cheio de vontade é sucedido de um estou bem já batido, e você? Ótimo!
E tudo vai seguindo, um monólogo fadado ao fracasso, um bate e não volta. Um lado cheio de vontade de conhecer e o outro sem intenção alguma de ser descoberto.
ONDE VOCÊ MORA? camocim… Caramba, como eu gosto de lá, praia, né, pertinho de Jijoca, quase
Jericoacoara, já fui lá, gostei muito, realmente o paraíso, todos deveriam conhecer, aquela energia, aquelas pessoas, e a noite, um espetáculo à parte.
Pois é.
E você, qual sua cidade? SOBRAL! Ish, quente.
O que era intenso vai ficando frio, a chama que um levava inicialmente vai aos poucos sendo diminuída pela apatia alheia, pela indiferença que assola aqueles consumidos por valores outros.
Sei. Mas e aí, o que curte escutar? Eu gosto de Selvagens, Jason Mraz, Belchior, Zé Ramalho, Amy Winehouse, Safadão, sou bem eclético, sabe, curto de tudo um pouco, fui inclusive pro show da minha banda favorita aí em Camocim, sério, foi um dos melhores dias da minha vida, não tem ideia.
Legal, curto uns dois ou três daí.
Que massa, deve ser bem Jason, Zé e A…
Tenho que ir, até mais…
Tchau, foi um prazer te conhecer, boa noite, até amanhã.
Um prazer para ele, um fardo para ela, ele, braile, ela, não sabia ler naquela linguagem, ele precisava ser sentido, ela não tinha habilidade nenhuma com as mãos..
Não foi recíproco, assim é quando o bumerangue vai, mas não volta, quando o copo é pequeno demais para a sede que se tem, ele, sábado, ela, segunda, ele, transbordo, ela, moribunda.
Ela perdeu, ele ganhou, a senhorita não iria mesmo saber lidar com tanto conteúdo, seria livro de poesia na mão de quem não tem compreensão, e pra quê desperdício maior do que amor em posse de charlatão.