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Sobre a malandragem



E se Cássia Eller realmente estiver certa, e se realmente formos apenas garotinhas(os), eis o que talvez temos sido, apenas crianças.


E se ela tiver acertado em quase todas as suas afirmações, é possível que nem conheçamos a verdade, fazemos tudo e seguimos indo, experimentando e vivendo, tentando achar o dito certo, mesmo sabendo que ele é maleável e subjetivo, sempre se moldando às mais variadas formas de pensamento.


Às vezes sinto-me exatamente como ela, esperando o ônibus, sozinho, cansado com minha velha mochila, pensando baixo pelos cantos, por ser uma pessoa “má”. E se não for nada disso, se a realidade for totalmente diferente, é possível que não estejamos vivendo à nossa maneira, ao nosso bel prazer, sem malandragem alguma, sem andar pelas ruas, sem trocar cheques, sem mudar as coisas de lugar.


Quem sabe realmente o príncipe ou a princesa tenham ficado chatos, muito previsíveis, sempre com as mesmas vestes, o cabelo sempre arrumado, a postura bem posta, o palavreado rebuscado e não condizente com a realidade. A formalidade cansa, ela de certa forma não reconhece a liberdade. As estações mudaram, nada mudou, mas os tempos são outro, novos ares, é primavera.


Quem sabe realmente a vida é não sonhar, é não ter um foco, um objetivo, é viver o seu, naquele determinado instante, talvez cada dia mais entro em acordo com essa ideia, a de que o mundo abre-se a sua frente quando não se tem um sonho. E gosto disso, da ideia de possuir tudo e ao mesmo tempo nada, de ser e não ser, dessa liquidez.


Mas e se bobeira for justamente viver a realidade, Cássia? Ela anda tão bamba, tão incerta, tão sádica. Fortes os que ainda se atrevem a imergir totalmente nela, a doar-se por inteiro ao real, é necessário muito empenho para seguir, bem que disseram que a emoção tem mais razão, talvez ela tenha, e inteligentes os que pensam com o coração.


É isso, sabe, possivelmente esteja faltando mais ociosidade, se entregar mais à vida e menos aos planos, aplicar mais e sonhar menos, desenvolver a arte de viver, ser menos, menos do que esperam e até mesmo menos do que espera de si. Permita-se a malandragem, somos só crianças e ainda nem conhecemos a verdade.



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