Desculpe o transtorno, preciso falar de preconceito
Interessante que por mais que nos auto-intitulemos livres de algo, talvez jamais o sejamos por completo, às vezes o carregamos consigo em nosso mais íntimo particular e nem nos damos conta.
Em alguns momentos podemos vir a dizer que não somos portadores de determinada coisa, mas por mais que pequena e ínfima, ela ainda está ali, como exemplo, o preconceito.
E por mais que eu tente, todos os dias me descubro preconceituoso, das mais variadas formas, dos grandes ao mais simplórios, e isso é errado? Sim e não, o erro reside em não se dar conta disso, de perceber e não mudar, de não ver estranheza nessa conduta, a seguir tendo-a com normalidade.
E é realmente complicado ver-se com preconceitos, quando defende-se totalmente o contrário, é a percepção da falha, do quanto ainda precisamos caminhar rumo ao novo, ao ideal, que tanto lemos e vislumbramos, mas com grandes dificuldades conseguimos pôr em prática, ou sequer colocamos.
Não deixa de ser estranho perceber isso, a autocrítica é das artes, uma das mais inalcançáveis, haja humildade para olhar-se no espelho e dizer, por que eu cortei o caminho, por que o olhei da cabeças aos pés, qual o motivo de eu ter o julgado antes mesmo de ouvir sua voz, por qual razão não quis sentar do lado daquele indivíduo. Pois é, nem todos são capazes de fazer-se tais questionamentos, até compreendo, tendo em vista o nível de dificuldade de fazê-los, mas nem por isso precisamos deixar de nos colocar na parede e realizar tal feito.
Questionar-se jamais foi uma ofensa, é um exercício brilhante, é perguntar-se o porquê das coisas, além de ter o discernimento suficiente para voltar atrás caso seja preciso, é colocar-se à prova, duvidar de si mesmo.
Portanto, peço desculpas por todos os transtornos que já cometi, se em algum momento fui discriminador, hostil, não tenho orgulho disso. É que tenho estado em constante desconstrução, sempre soube que não seria um processo simples, muito menos rápido, mas aceitei indagar-me, consenti em me chamar a atenção quando preciso, e isso tenho feito, na medida do possível, e que meu possível seja beirando o impossível, para que eu possa retroceder 2 casas para avançar 3, ninguém nunca disse que seria fácil, mas também não disseram que seria impossível, e por isso tenho continuado, afinal, o fim é valoroso, mesmo que dispendiosos sejam os meios.