top of page

A literalidade das palavras



Cansado da superficialidade literal adentrei nas palavras, em seus mais profundos sentidos, milhares de caminhos, incontáveis vieses, percebi o quanto perdi olhando apenas a parte de fora, a aparente, lendo apenas o que estava ali, o que a vista sempre alcançou.


Fui notando que elas sempre foram mais, sempre quiseram dizer mais do que ao que apenas estavam restritas, era lindo perceber o fervor delas, o quanto elas pulsavam sentido, a vontade de gritar era maior, de dizer que não eram apenas aquilo, que estavam presas, que nós estávamos presos, por apenas apreciá-las externamente.


Continuei notando que carregavam o mundo consigo, uma extrema profundidade, e era belo notar que se faziam plural, que se deixavam ser interpretadas, explanadas, como em uma dança, aparentemente sem sentido, mas cheia de razão, indecifrável em sua emoção, permitindo diversas compreensões.


Era impossível chegar ao fim, já que as palavras faziam questão de ir ao baile, aos cortejos, sabendo que elas possuíam tudo, eram capazes de trocar de lugar quase flutuando, em um emaranhado artístico, estando ali milhares de histórias, incontáveis versões de si mesmas.


Infelizmente as pessoas insistiam em não perceber a grandiosidade e o poder delas, ou se sim, apenas as viam por cima, bem rápido, não lhes dando o devido crédito, fruto de uma realidade fugaz, em que se aprofundar e perder-se é ser audaz, deveras incompreendido, sempre a procura de mais. E assim perdemos muito, por continuarmos não indo ao fundo, por insistirmos em ler apenas o que está ali, posto, por seguirmos recusando mergulhar nas entranhas da essência, por não tirarmos as palavras para dançar, ou por não entrarmos na dança delas. Ver alguém bailando é bonito, mas entender, envolver-se e ser parte do espetáculo é maravilhoso.


Destaque
Verifique em breve
Assim que novos posts forem publicados, você poderá vê-los aqui.
Tags
Nenhum tag.
bottom of page