Moralista, eu vi, sua vida é falsa
Os donos da moral estão soltos, aos montes, distribuídos em incontáveis versões.
Eles, os que ditam as regras, os que acham que o mundo deve ser de uma forma, diz-se quadrado, já que é uma forma pautada e com arestas bem definidas, e assim eles querem que seja, do jeito deles, muito delimitado, demasiado exato.
Muitos deles pregam o tradicional, o fruto da história, preferem seguir por um caminho já trilhado, diz-se certo, muito fácil de ser acompanhado, uma vez que já está todo feito, mesmo que este caminho não comporte todos, e felizmente nem todos realmente querem ir por esta estrada.
É complicado conviver com eles, já que o novo está aí, batendo em nossa porta, e os mesmos, presos ao passado, insistem em não perceber que os tempos mudam, e assim, trocam-se os ídolos, as ideologias, as formas de agir, as maneiras de pensar.
Suas visões não abarcam todos, muitos ficam de fora, eles sabem, mas mostram indiferença, entendem bem os problemas aí aos montes, sabem até como resolvê-los da melhor maneira possível, diz-se pacífica, benéfica para ambos, porém, escolhem o caminho mais curto, o mais rápido, o de resultados mais visíveis, que massageiem seus egos de forma mais ligeira.
Fazem isso porque querem continuar esboçando por aí sua forma de pensar, demasiado concreta, e talvez o problema esteja aí, em ser concreto, duro, resistente, que nem mesmo as intempéries e mudanças consigam moldar, oferecer uma nova forma, um novo jeito.
E assim caminhamos, sempre perdendo, sempre, porque enquanto não aprenderem a deixar o passado de fato para trás, e levarem consigo só o aprendizado, não conseguiremos mudar, enquanto não perceberem que os tempos são outros, os entendimentos, distintos, os pensamentos, de progresso, continuaremos reféns dos moralistas, tão certos de suas convicções tão errôneas, tão cheios de si, de suas realidades enfadonhas, de suas visões, tão pregressas.
E moralistas, não nos chamem de suicidas, vocês são os reais imorais, por não entenderem o outro, por negligenciarem, por serem demagogos, e já podem descruzar os braços, pois o mundo é dos que andam de peito aberto.