A banda da vida
É interessante como em uma banda aparentemente só os cantores têm importância, apenas eles aparecem nos pôsteres, nas capas dos álbuns, em fotos, somente os mesmos ganham notoriedade e fama.
Não é difícil de entender o porquê de tudo isso, eles basicamente dão vida ao que era somente letra, fazem as palavras levantarem do seu marasmo teórico e de fato ganharem forma.
Mas devemos mesmo creditar tudo apenas aos que cantam? É ser simpático com o restante da banda? Com os que com seus instrumentos fazem tudo ter sentido, ritmo e direção?
Infelizmente também é assim com a vida, meia dúzia de ações, palavras ou pensamentos respondem pelo todo, aparentam ter mais importância e passam a representar-nos de forma genérica, como se aquilo respondesse de fato à totalidade.
Somos frutos de uma história densa e emaranhada, mas só lembramos de duas ou três lembranças, talvez as mais marcantes, sendo boas ou ruins. Porém, todas nos moldaram, até mesmo as mais ínfimas serviram para contribuir com o que somos hoje.
Mas como em uma banda, apenas algumas tomarão a frente e roubarão toda a glória do ser, tanto humano quanto grupo musical.
E o que seria do conjunto se não existisse o restante? À capela cantariam, há prestígio, mas não acompanhamento, é como se existisse uma comissão de frente, mas só de frente e nada mais. Há quem goste, mas quase sempre sentimos falta dos instrumentos, que apesar de nunca aparecerem nos momentos importantes, foram eles que fizeram daqueles momentos, tão significativos.
De fato ainda precisamos aprender a valorizar todas as situações, como um ente completo, e não somente através de um par delas. Tudo bem que umas falam mais alto e sempre estão na frente, mas nem sempre somente elas precisam aparecer nas capas e fazer história como se fossem únicas, há muita coisa por trás, e é bom recordar, sem elas, os pôsteres jamais ao menos existiriam.