Itinerário desconhecido
Tenho transitado entre vários mundos, em alguns momentos os vivendo como se fossem verdadeiramente meus, experimentado situações que antes eu via com apatia, equilibrado-me em uma corda bamba prestes a ceder, mas que eu insisto em desafiá-la.
Passear por diversos meios pode ser perigoso, você nunca os conhece de fato, é talvez um desconhecido em todos eles, um amador de todas as formas, nunca será visto como um real integrante, possivelmente jamais será parte de tudo.
Mas ainda assim tenho seguido como se todos fossem meus, com um sorriso no rosto, tentando desfrutar deles o que realmente me interessa, e sendo outras vezes julgado como parte dos mesmos, nunca conseguem distinguir entre os que sim e os que talvez.
Esse é o preço que se paga por tomar tudo para si, mesmo quando não te pertencem, e para isso, é impossível ser absoluto, é neste ponto em que ser inteiro é ineficaz, você necessita escolher o caminho, ou se é intensamente profundo, ou superficialmente amplo, talvez eu tenha escolhido circular pelos mais diversos espaços, então, ser enraizado me faria inacessível, ou mesmo me impediria de entrar em determinados locais.
E é de tanto trilhar diversos caminhos que eu mesmo, em alguns momentos, desconheço-me, não me reconhecendo como parte de nada, é justamente aqui que reside a parte prejudicial disso tudo, quando se está em todos os locais, mas não se está em nenhum. Como se você conhecesse muitas casas, mas em nenhuma delas pudesse dormir em um momento de necessidade.
Portanto, vivo-os como se fossem meus, porém, com a plena certeza de que nenhum me pertence, e que estabelecer domicílio em um deles, é abandonar os outros, isso é, caso aceitem um andarilho. Apesar de tudo, sigo resignado ao meu modo, e conheço as consequências, tudo fica mais claro quando você aceita os resultados sabendo bem das suas escolhas, e sendo assim, eu escolhi ser o culpado disso tudo.