Eu vi Deus em depressão, ajudei-o com suas crises
Ele deve estar cansado, certamente fatigado de tudo isso, de precisar resolver tantos problemas que sequer são dele, possivelmente tenha se arrependido de sua criação, ela não aprendeu a andar com as próprias pernas, ela pede demais, vocifera sem parar, segue mostrando que é totalmente dependente, e isso cansa, de precisar estar disponível a todo momento para solucionar impasses que são indiscutivelmente alheios. Eis o problema de ser Deus, inabalável, você nunca espera definhar, jamais espera entrar em crise, mas é que são tantos transtornos passados, tantas vezes evocado em vão, que ele talvez tenha sentido o peso de ser onisciente, é neste ponto em que a ignorância te permite viver melhor, mas ele parece não ter lembrado disso quando se tornou tão responsável por uma horda que supostamente foi feita à imagem e semelhança sua. O fato é que ser onipotente em algum momento pesa, não importa quem seja, é a responsabilidade de carregar muito peso, sem necessariamente suportar, ou mesmo tomar para si a tarefa que deveria ser de outrem. A questão é que não é possível estar sempre alerta pelo outro, enquanto este é plenamente capaz de cuidar de si. Por fim, aquele que sempre cuidou de todos, começa a precisar de suporte, e o mínimo que se espera é empatia para entendê-lo, paciência para retribuir a ajuda, parar de tanto pedir e começar a caminhar por si só, aliás, por dois, porque você teve sua parcela de culpa em colocar tanto nas costas de alguém. Ninguém é inabalável, os pesos jamais deveriam ter sido carregados sem amparo, o protagonismo é de um só, o suporte é um detalhe.