Ainda estou sob o efeito de ontem
Ainda estou sob o efeito de ontem, meio letárgico, uma predominância do passado, uma inaptidão para reagir ao presente, um estado de profunda contemplação. Quase nunca me pego assim, apesar de dificilmente estar com o pé totalmente no chão, mas tem sido diferente, quase um cansaço, mas sem fadiga. O momento em que o tempo aparentemente corre sem preocupação com o transcorrer dos minutos, pego-me introspectivo, preso em meus devaneios, nas inúmeras possibilidades, não sei até que ponto isso é bom, se pegar imaginando as numerosas nuances, os incontáveis caminhos. Tenho lido mais que o normal, talvez consequência desse estado, se eu assim permanecesse talvez conseguiria atingir alguma meta de leitura, apesar de não ter nenhuma, igualmente tenho aberto mais meus arquivos para escrever, possivelmente assim seja mais fácil canalizar tudo o que penso, e dessa forma terminaria meu livro, apesar também de ainda sequer tê-lo nomeado. Sem nome, sem meta, algumas coisas vão se delineando mesmo sem um traçado firme, enquanto se está em um marasmo necessário, um estado de absorção, são os períodos de se remontar, reencaixar peças, rever moldes, ou não, apenas de descanço. Quanto aos períodos letárgicos, cada um lida da sua maneira, com simpatia ou destroço, só resta saber o que fazer nesses intervalos de recolhimento.